quarta-feira, 8 de abril de 2015

O ALICE, ACORDA.....uma reflexão para todos NÓS, ''''ALICES''', ADORMECIDOS.( POR ISSO , QUE MEU ALTER-EGO, É O GATO, RISONHO, E EU ( ATON ) SEMPRE PINTO , ELE, FELIZ)




 ALICE, NO MEU LIVRO DE VIDA( Filosofia do amor de Colibri), É A BORBOLETA, SEM NOÇÃO...que ama perdidamente, o COLIBRI, mas tem cíúmes de sua liberdade e leveza. RE - CONECTANDO A LUZ DA VERDADE.

A descoberta da identidade em “Alice no país das maravilhas”
Alice: Estou caindo num buraco escuro... Então vejo criaturas estranhas. Será que estou ficando maluca?
Pai de Alice: Eu acho que sim! Você está maluca, pirada, perdeu um parafuso... Mais vou lhe contar um segredo: as melhores pessoas são assim.
Um conto de fadas e uma história para crianças, foi assim que a obra “Alice no país das maravilhas” foi vista na época de sua criação. Escrita na segunda metade do século dezenove por Lewis Carroll (pseudônimo de Charles Dodgen), matemático inglês que escreveu livros questionando a lógica das coisas, a história conquistou com o passar do tempo o interesse do público em geral, interpretações e análises de cunho psicológico e sociológico. Invadiu a mídia e os cinemas com desenhos e filmes, incluindo a última versão (2010) do diretor Tim Burton, conhecido pelo caráter excêntrico de seus filmes. O filme é considerado a quinta maior bilheteria da história do cinema superando a receita de 1 bilhão e 300 milhões de dólares, segundo os estúdios do Walt Disney.
Em “Alice no país das maravilhas”, Carroll questiona os padrões sociais estabelecidos na aristocracia da Inglaterra do século dezenove: a Era Vitoriana. Período marcado por valores rígidos, pela moral absoluta e pelo puritanismo.
O desenho, também produzido pela Walt Disney (1951), mostra a entrada de Alice na adolescência e os questionamentos recorrentes. Já o filme dirigido por Burton se passa 13 anos após a história original e mostra a continuação da jornada de Alice (agora com 19 anos), a sua entrada na fase adulta, a insatisfação com a realidade, a busca pela identidade e os questionamentos com relação aos padrões sociais da época.
Alice é uma garota que busca independência, mas não sabe equilibrar a busca pela realização de seus sonhos com as exigências sociais. Nesta versão sua mãe a incentiva a realizar um casamento arranjado para que a família possa ter estabilidade financeira e prestígio social. Prestes a ficar noiva, no momento do pedido de casamento, Alice foge e se depara com um velho conhecido: o coelho branco.
Ao segui-lo cai em um buraco que a leva ao país das maravilhas, mundo em que tudo o que ela pensa acontece e nada é impossível (inconsciente). Ao realizar uma análise psicológica dos personagens e do cenário do filme, percebe-se que o coelho carregando um relógio pode simbolizar o tempo, rígido e exigente, marca a quebra com a realidade tal como é conhecida por Alice. Já o buraco pode representar a passagem para o inconsciente.
No buraco os objetos estão voando, desordenadamente e alguns estão de ponta cabeça, demonstrando o quanto o inconsciente pode ser confuso, não apresenta lógica, ordem ou racionalidade.
No país das maravilhas ela se depara com o caos (que representa a destruição de elementos importantes da infância e da adolescência e o período de crise de identidade em que se encontra). Não se recorda de ter visitado o país das maravilhas na infância e não consegue falar sobre si quando questionada pelos demais personagens. Dessa forma, é vista como uma possível impostora, como uma falsa Alice (falso-self).
Ela reencontra alguns personagens (elementos inconscientes de sua infância) como o Chapeleiro Maluco, a Lebre de Março, o Gato Risonho (Cheshire Cat), os gêmeos Tweedledee e Tweedledum, o Absolem (a Lagarta) e a Rainha Vermelha (Rainha de Copas - Iracebeth). Também conhece novos personagens como a Rainha Branca (Mirana), o Valete de Copas, o Jaguadarte (monstro), entre outros.
A Rainha Vermelha pode representar a luxúria, também percebida no personagem Valete de Copas. Já as rosas vermelhas e os corações, a paixão, elementos que podem marcar o fim da inocência da infância. A monarca também pode representar o superego intransigente, a consciência social e a figura materna de Alice, mulher patriarcal que apresenta idéias rígidas e repetitivas (“Cortem-lhe a cabeça” / Idéias de Casamento). Além disso, impõe dogmas e crenças a todos que estão à sua volta. Demonstra ter uma personalidade narcísica, instabilidade emocional e o tamanho de sua cabeça é proporcional à sua necessidade de controle e à quantidade de idéias manipuladoras.
Como resultado de sua tirania, ocorrem rebeliões (“Abaixo a tirana rainha vermelha”), as relações se tornam objetais, baseadas no medo (“É muito melhor ser temida do que amada”) e falsas, pois para agradar a rainha as pessoas utilizam grandes narizes, orelhas e barrigas de plástico.
Já a Rainha Branca, irmã caçula da Rainha de Copas, é a bruxa que desafia o estereótipo de bruxas vestidas de preto e más. Ela pode simbolizar a magia, a fantasia, o feminino, a sutiliza, a luz e a alegria, não submetidos à lógica patriarcal. Porém, ela conserva alguns elementos sombrios da histórica idéia de bruxas, a maquiagem preta e os ingredientes fúnebres das poções. O seu produto (poção) apesar de envolver aspectos negativos, como dedos de pessoas mortas (“dedos amanteigados”), é percebido como algo bom, positivo e que propicia equilíbrio. É importante notar que a Rainha Branca foi posta de lado pela Rainha Vermelha, porém não foi destruída e apesar de proteger Alice, seus motivos não são totalmente altruístas.
O personagem Absolem (a Lagarta), representa a busca por conhecimento, as dúvidas e a transformação do sujeito. A Lebre de Março refere-se ao mês do cio das lebres, representa os impulsos sexuais e agressivos, a ansiedade, os comportamentos compulsórios e paranóicos. Os gêmeos Tweedledee e Tweedledum representam a infância, doces, porém não compreendidos pelos adultos. O Gato Risonho representa o medo e a covardia, nem sempre percebidos devido à presença de uma postura cativante (longo sorriso), sedutora e despreocupada.
Já o Chapeleiro Maluco pode ser louco por causa de uma substância alucinógena (mercúrio) usada na fabricação de chapéus. Ganha destaque no filme, pois representa o lado verdadeiro, criativo (com seus passos de dança) e excêntrico de Alice. Estas características são reforçadas por sua figura paterna, percebida como visionária, empreendedora e que quebra paradigmas. O Chapeleiro também demonstra como a criatividade é relacionada à loucura, ou seja, idéias criativas podem ser percebidas como loucas pela sociedade. Boas idéias surgem a partir da criatividade do ser humano, porém é difícil defender ideais e objetivos quando a sociedade os considera manifestações de insanidade. Assim, durante o filme, o Chapeleiro demonstra sua raiva diante da prevalência dos princípios patriarcais e precisa do suporte de Alice para recuperar o equilíbrio.
A ausência de equilíbrio fica evidente em uma das cenas clássicas da obra: O chá de des-aniversário. A Lebre e o Chapeleiro tomam chá (o famoso chá inglês) para comemorar o dia de não aniversário. Fazem isso há tanto tempo que já não sabem o motivo. Logo, todos os dias podem ser dias de tomar chá e comemorar. Dessa forma, nota-se a crítica do autor aos comportamentos, percebidos como “naturais” e que deixam de ser questionados com o tempo.
Durante sua jornada Alice faz amizades e seus “novos” antigos amigos (incluindo o Chapeleiro) são aprisionados pela Rainha Vermelha. Para recuperar a sua subjetividade (representada pelos personagens e pelo país das maravilhas) e o equilíbrio psíquico para seguir em seu desenvolvimento, Alice precisa se conhecer, saber quem ela é e desenvolver a confiança em si mesma, além de tomar decisões que influenciarão a sua vida e a de todos a sua volta.
Neste novo desafio ela terá que lidar com dificuldades (será esticada e reduzida) e contará novamente com instrumentos como as poções para encolher e os mágicos bolos que a alongam (é preciso comer para crescer), elementos que representam as questões envolvidas no crescimento / desenvolvimento. E apesar de todas as dificuldades a personagem busca se superar, mudando seu tamanho para ultrapassar os obstáculos.
Para conseguir salvar o país das maravilhas, Alice precisa escolher enfrentar o seu maior desafio, o monstro Jaguadarte, percebido como a face feia e forte da consciência social, que tenta moldar, julgar e destruir a criatividade. Todos à sua volta esperam que ela mate o monstro e cumpra com o seu destino. Mas para isso, ela precisa saber quem ela é, descobrir sua identidade, ser a verdadeira Alice.
É diante da Rainha Branca que Alice encontra suporte e o seu tamanho adequado (nem reduzida, nem alongada / inflacionada). Na terra da Rainha Branca ela percebe que não pode viver sua vida para agradar os outros, ou seja, as escolhas precisam ser dela, pois apenas ela terá que lidar com as conseqüências. A batalha acontece em um tabuleiro de xadrez, que simboliza a vida e necessita estratégia, tomada de decisões e discriminação.
Quando Alice escolhe enfrentar o monstro com a espada (que representa o pensamento discriminativo), consegue descobrir sua identidade. Ser Alice significa ser quem ela sempre foi, mas esqueceu, pois a sociedade diz às pessoas como elas devem ser e se comportar. A personagem representa a mulher do século XXI quando decide ir para a China investir em sua vida profissional e em seu potencial ousado e empreendedor (simbolizado pelo personagem Chapeleiro Maluco) ao invés de aceitar os papéis sociais tradicionais de esposa e mãe. O casamento é representado pela personagem da irmã de Alice, que é traída pelo marido. Logo, o filme demonstra que o casamento, objetivo de vida de algumas pessoas, como a personagem da tia de Alice, pode não ser tão positivo como a imagem que a sociedade busca transmitir.
Por fim, durante o filme Alice passa por um período de quebra da realidade tal como é conhecida por ela. Em contato consigo mesma encontra forças para conseguir lidar com as dificuldades e com as exigências sociais e assim reorganizar-se psiquicamente. Ao enfrentar seus medos sente-se livre para dizer não aos papéis sociais tradicionais e livre para seguir sua vida de forma única e individualizada. Assim, consegue fazer escolhas com autonomia, perceber suas potencialidades e acreditar nelas (“A única forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível”).

Adpt. by ATON

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